segunda-feira, 14 de outubro de 2013

EDUCAÇÃO É FATOR PRIMORDIAL PARA A RESSOCIALIZAÇÃO DOS PRESIDIÁRIOS.


 Uma iniciativa inédita no sistema prisional do DF para ressocializar presidiários e conscientizá-los sobre os problemas da violência contra mulheres resultou em um concurso literário voltado aos detentos, que escreveram dissertações, crônicas e poemas dos quais 38 foram selecionados e publicados em livro lançado, hoje.

"Eu nunca imaginei ter um texto publicado em um livro. Estou emocionada e sei que essa ação nos sensibiliza para que possamos voltar para as ruas mais conscientes sobre esse tema", relatou a interna do Presídio Feminino (PF/DF), Osmarina Carvalho Viana, 48, durante evento no Museu da República.

Osmarina Viana, em regime fechado há 9 meses, escreveu a crônica Lutando por um dia melhor, em que conta a história de uma mulher assassinada pelo ex-companheiro em um shopping popular de Taguatinga.

"Contei essa história porque acho que as mulheres devem se preservar e se cuidar para evitar que isso continue acontecendo", disse ao lembrar que parou de estudar aos 17 anos e só retornou às aulas no presídio.

PREPARAÇÃO - Para participar do concurso, iniciado em março, os presos tiveram palestras ministradas por especialistas no combate aos abusos de gênero e, além disso, receberam orientações com aulas práticas sobre técnicas de redação nos Núcleos de Ensino (Nuen's) das seis unidades prisionais do Distrito Federal.

"Nós tivemos cerca de 300 inscritos. No início, eles demonstraram resistência à atividade e ao tema 'Violência contra a mulher: nunca mais', lembrou a idealizadora e coordenadora da iniciativa, Roseli Araújo Batista.

Ela explicou que os homens tiveram dificuldades em abordar assuntos relacionados à igualdade de gênero, enquanto muitas detentas enfrentaram o obstáculo psicológico, pois várias delas foram vítimas de violações.

No livro, intitulado Poemas, crônicas e dissertações, foram registradas 12 crônicas, 12 dissertações e 18 poesias, todas analisadas por comissões de professores de língua portuguesa das unidades de internação.

"Esse projeto é fundamental para ressocializar porque mostra que o governo está preocupado com essas pessoas. A ideia é que esse concurso seja promovido anualmente e entre no calendário oficial do DF", avaliou o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar.

O interno em regime fechado do Complexo da Papuda Hélio Alencar Lima, 33, contou que cumpre pena há dois anos e 18 dias. Para ele, a iniciativa trouxe a oportunidade de expressar seus sentimentos por uma crônica.

"Contei a história de uma mulher que sofria agressões e conseguiu mudar de vida com a ajuda de uma amiga. Eu não sabia que meu texto seria escolhido, porque não sabia que tinha aptidão para a escrita. Quando sair, quero fazer faculdade", disse o detento.

"Nós estamos convencidos de que unir a educação e a cultura, que refletiram na construção desse livro, é uma das maneiras de combater a violência e humanizar as pessoas que cumprem pena", destacou o secretário de Cultura, Hamilton Pereira.

ESCOLARIDADE - Atualmente, o sistema carcerário possui aproximadamente 11,6 mil internos, e, destes, 1,6 mil estão matriculados nos Nuen's, que oferecem programas pedagógicos para todos os anos dos ensinos Fundamental e Médio.

"A educação tem um papel primordial para a ressocialização desses cidadãos que estão com sua liberdade restrita. Portanto, esse concurso fortalece nossas ações dentro das unidades do sistema prisional, que contam com escolas para incentivar a continuidade dos estudos", acrescentou o secretário de Educação, Denilson Bento da Costa.

O diretor-executivo da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap/DF), Adalberto Monteiro, destacou que os presos com níveis de escolaridade mais altos conseguem ser reintegrados mais facilmente.

"A educação é a chave para que eles tenham uma profissão, um emprego e convivam melhor com suas famílias", disse o diretor-executivo.

A publicação que contém os trabalhos dos ganhadores do concurso terá uma tiragem de 2 mil exemplares e será distribuída em bibliotecas e escolas públicas e outros espaços da Secretaria de Cultura.

QUEM ME DERA AGORA , QUE AS MINHAS PALAVRAS FOSSEM ESCRITAS......    Jó 19/23 a

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