terça-feira, 18 de junho de 2013

O DRAMA DA FILA DE VISITA NOS PRESIDIOS BRASILEIROS.

Um mapa de um outro Brasil, somente desbravado ao longo da escuridão da madrugada. As intermináveis filas de visita se repetem nas unidades penais de todo o país. Obrigam uma multidão a usar a criatividade e a solidariedade para que, em algum momento, possam encontrar os parentes presos com um mínimo de dignidade. No Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, mulheres agarram-se pelas cinturas para que outras não “furem” a fila. No Presídio de Trânsito, em Mato Grosso do Sul, um comerciante do entorno da unidade se propõe a organizar, por contra própria, os nomes dos visitantes a partir da ordem de chegada. No Cadeião de Pinheiros II, em São Paulo, as pessoas levam barracas de camping para terem onde se abrigar do frio ao longo da madrugada.
As informações fazem parte da tese de doutorado do professor, pesquisador e advogado João Tavares da Costa Neto, que está concluindo o trabalho A família e a ressocialização da pessoa encarcerada, pela Universidad Del Museo Social Argentino (UMSA). Sem conseguir financiamento de empresas privadas para seu estudo por conta do estigma que carrega a família do reeducando, João Tavares decidiu custear a pesquisa de campo, que ainda não terminou. Seus próximos destinos são Maranhão, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e Buenos Aires. No mapa que começou a desenhar em julho de 2012, João Tavares passou por sete estados, incluindo Pernambuco, onde também visitou o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). A pesquisa resultará, ainda, em um livro de fotografias.
Com mais de 20 anos de experiência junto a unidades penais pernambucanas, João Tavares ficou impressionado com as cenas que viu em várias regiões do país. Em Brasília, a neblina impede que as pessoas enxerguem a si próprias no descampado do entorno do Complexo Penitenciário da Papuda. O frio adoece as pessoas. Em Mato Grosso, João Tavares teve náuseas ao ver a situação dos banheiros destinados às visitas dos presos da Penitenciária do Estado. Quebrados, imundos e sem água, são a única alternativa para os familiares que não têm mais como conter as necessidades fisiológicas. Em Mato Grosso do Sul, o pesquisador testemunhou mulheres serem mandadas de volta para casa depois de esperarem 12 horas para entrar no presídio, porque o expediente foi encerrado abruptamente por um funcionário que ria, parecendo zombar das expectativas alheias.
Ao longo da viagem, os bons exemplos são raros, como o Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Minas Gerais. Naquela unidade, as visitas são informatizadas e marcadas no Núcleo da Família, que fica no centro de Belo Horizonte. A iniciativa pôs fim à prostituição e à fila na frente do presídio. Na Casa de Custódia de Curitiba, no Paraná, as visitas são agendadas por telefone e acontecem nas sextas, sábados e domingos. “As famílias entram de acordo com o pavilhão e por turno. Além disso, os encontros acontecem em um pátio e as crianças somente visitam os familiares no segundo domingo do mês. Nesse dia fica acertado que não há visita íntima”.

LEMBRAI-VOS DOS PRESOS ........         HEBREUS 13/3

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