A Justiça argentina condenou, nesta quinta-feira, o
ex-presidente Carlos Menem a sete anos de prisão no caso de venda ilegal
de armas para a Croácia e o Equador no período em que governou o país. O
ex-líder foi considerado "coautor” do crime, que incluiu violação de
leis internacionais.
A investigação começou em 1995 e durou 18 anos.
Menem, de 82 anos, governou a Argentina durante dois mandatos, entre
1989 e 1999, e atualmente é senador e tem imunidade parlamentar.O ex-presidente (que é o primeiro do período democrático pós-1983 a ser condenado à prisão), poderá apelar da sentença na Suprema Corte argentina, diz a imprensa local.
Menem foi condenado pelo tráfico de 6.500 toneladas de armas e munições do Exército argentino para o Equador e para a Croácia ocorrido entre 1991 e 1995.
Decadência
A condenação ocorreu em um momento no qual Menem está longe dos holofotes e da linha de frente da política argentina, em uma etapa de decadência que inclui, segundo seus críticos, ausências nas votações no Congresso Nacional. "Às vezes sob o argumento de problemas de saúde”, como contou uma assessora parlamentar. "Ou de que está cansado e prefere ficar em sua casa em La Rioja”, completou.La Rioja é a sua província natal, no noroeste do país, póximo à fronteira com o Chile. É no país vizinho que mora seu filho Máximo, de nove anos, que teve com uma ex-miss universo, a chilena Cecília Bolocco, quando ainda era influente na política argentina.
Homem-forte do país durante uma década, ele voltou a ser notícia com a decisão judicial.
"Menem foi o homem mais poderoso da Argentina entre 1989 e 1999. Tinha maioria dos votos no Congresso Nacional e apoio da Suprema Corte de Justiça, onde também tinha maioria. Mas tanto poder não foi suficiente para que ele tivesse impunidade para sempre”, escreveu, nesta quinta-feira, o jornalista Daniel Santoro, do jornal Clarín, autor da reportagem que revelou a venda de armas ilegais.
Segundo o promotor de Justiça Ricardo Monner Sans a pena "foi branda”, já que a norma prevê, disse, até doze anos para casos deste tipo. "Sete anos é uma condena menor do que a esperada. E se ele irá ou não para a cadeia dependerá de que o Senado vote o fim da sua imunidade. Porém, apesar disso, ficou provado que todos somos iguais diante da lei”, disse Monner Sans.
Legado de crises
Quando Menem assumiu a Presidência, em 1989, sucedendo o ex-presidente Raul Alfonsín, a Argentina enfrentava uma crise econômica marcada por hiperinflações – o que levou Alfonsín a entregar o cargo seis meses antes, como recordam historiadores.No período do governo de Menem, a economia argentina era regida pela chamada "conversibilidade” – com o peso, a moeda local, atrelada ao dólar, e períodos de deflação e aumento do desemprego.
Para a oposição, Menem e seu então ministro da Economia, Domingo Cavallo, representavam o "neoliberalismo puro”, que incluiu privatizações de diferentes setores da economia argentina.
Dois anos depois que ele deixou a Presidência, em 2001, o país viveu sua pior crise política e econômica, segundo diferentes analistas, com forte retração econômica e renúncias presidenciais.
O primeiro a deixar o cargo foi Fernando de la Rua, e depois foi a vez de um de seus sucessores, Eduardo Duhalde, que antecipou as eleições presidenciais.
Alianças
Menem foi candidato a mais um mandato, em 2003, mas renunciou, após participar do primeiro turno, deixando a eleição para Nestor Kirchner, que assumiu a Presidência, com pouco mais de 20% dos votos.Historiadores afirmam que ele foi o único argentino a completar dois mandatos de forma consecutiva na história recente do país.
Em julho de 2010, o jornal La Nación, de Buenos Aires, publicou que Menem se ausentou da votação sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo devido a uma negociação com o kirchnerismo, que assim conseguiu aprovar o projeto e "dar a Menem apoio para novos mandatos legislativos e a imunidade parlamentar nas diferentes causas judiciais que enfrenta”.
AQUILO QUE O PERVERSO TEME SOBREVIRÁ A ELE , MAS O DESEJO DO JUSTO SERÁ CONCEDIDO. Provérbios 10/24
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