Presídio de Ushuaia guarda histórias curiosas
Como a Terra do Fogo era (e ainda é) um ponto estratégico para a navegação, o governo de Buenos Aires decidiu colonizar a região sul para manter sua soberania.Desta forma, transfere o presídio militar da Ilha dos Estados para Ushuaia. Em 1896 chega à “Penitenciária dos Reincidentes” o primeiro grupo de prisioneiros, formado por 9 mulheres e 14 homens. São eles quem iniciam a construção do prédio – obra que duraria 18 anos.
As 380 celas eram para um único preso, mas o lugar chegou a abrigar até 800. Só gente da melhor qualidade – desde criminosos em série até prisioneiros políticos.
Além de se ocuparem internamente – com oficinas de carpintaria, ferragens, mecânica e de sapatos – os prisioneiros labutavam na construção civil de Ushuaia. Em 1910 foi habilitado o “Trem do Fim do Mundo”, que ligava a prisão aos bosques do Parque Nacional da Terra do Fogo, onde eles cortavam a lenha utilizada na cozinha e na calefação do presídio.
Os que conseguiam fugir durante o “passeio” não iam muito longe. Apesar do clima gélido da região, usavam roupas pouco apropriadas. Quando se viam sós em plena selva, ou morriam ou voltavam à vida quentinha do presídio.
A comunidade carcerária é um capítulo à parte. Chama a atenção a história do “Petiz Orelhudo” (Cayetano Santos Godino), um garoto que começou a cometer crimes bárbaros aos 8 anos de idade em Buenos Aires.
Especializado em assassinar crianças a golpes de machado, passou por um centro de reabilitação psiquiátrica até ser condenado a 16 anos de prisão em Ushuaia.
Além de sua incrível carreira fora das grades, Cayetano também tocou terror dentro da penitenciária. Pouco tempo após chegar ao local matou o gato considerado o mascote dos presos.
As circunstâncias de seu falecimento são pouco esclarecidas. O guia turístico do presídio fala em leucemia e uma morte aos 48 anos de idade, mas alguns sites dizem que ele foi asfixiado por seus companheiros de cela.
A história do petiz foi tema até de filme: o espanhol “El Niño de Barro”, de 2007.
O Presídio Nacional de Ushuaia funcionou até 1947, quando o presidente Juan Domingo Perón determinou seu fechamento alegando razões humanitárias. Até 1949 todos os presos já haviam sido transferidos.
"E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos." (Mateus 24 : 11)
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