Companheiro de 85% das presas de SP também está preso, diz pesquisa
Em 30 de outubro de 2012
Estudo foi encomendado pela Secretaria de Administração Penitenciária.
Média é de quatro filhos por mulher presa no estado de São Paulo.
Fonte: G1
Crédito: RCadeia de Itatinga, no interior de São Paulo
Uma
mulher jovem, negra, semianalfabeta, que trabalhou quando criança, com
quatro filhos e cujo marido ou companheiro também está preso. Esse é o
perfil geral da presidiária no estado de São Paulo, traçado por uma
pesquisa inédita encomendada pela Secretaria de Administração
Penitenciária a qual o G1 teve acesso.
O estudo
foi realizado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Ensino e Questões
Metodológicas em Serviço Social (Nemess), da PUC de São Paulo. De
acordo com a coordenadora da pesquisa, a professora Maria Lúcia
Rodrigues, foram entrevistadas 1.130 presidiárias, por meio de
questionários e entrevistas aprofundadas em 11 unidades prisionais - de
um total de 19 em todo o estado administradas pela Secretaria de
Administração Penitenciária (SAP). O estudo durou 10 meses e foi
concluído nesta terça-feira (30). A população carcerária feminina é de
10.909 mulheres - já a de homens é de 177.665.
O
trabalho apresenta "diretrizes, políticas e serviços" para a elaboração
de 10 mil manuais a serem distribuídos para todo o sistema prisional.
De acordo com o estudo, 60% das presas do estado se declaram solteiras,
45% têm até 29 anos e 46% dizem ter trabalhado quando criança. "Sempre
um trabalho muito duro, elas faziam questão de dizer. Ou trabalharam na
roça, ou como domésticas", conta a pesquisadora Márcia Helena de Lima
Farias.
A reincidência entre as presas é de
29%, e a grande maioria delas, 85%, tem o marido ou companheiro também
presos. "O problema que se vê é: com quem ficam os filhos? Porque o fato
de os dois estarem presos desestabiliza a casa", analisa a autora do
recém-lançado "Entre as leis da ciência, do Estado e de Deus - o
surgimento dos presídios femininos no Brasil" e antropóloga Bruna
Angotti. Para ela, "o argumento de que as mulheres entram no crime por
influência do parceiro é complicado do ponto de vista sociológico,
porque é como se elas não tivessem potencial de serem autoras, de
fazerem suas próprias escolhas", diz a antropóloga.
Outro
dado que chama a atenção no estudo é o tipo de crime cometido pela
maioria das mulheres: 72% estão presas por tráfico de drogas. "O crime
está muito interessante, muito rentável. [...] A proteção não vem da
política pública, vem do crime organizado. Ele compete com o Estado",
diz Maria Lúcia. De acordo com Bruna Angotti, muitas vezes essas
mulheres entram no tráfico para completar a renda. Outra coisa que
também é comum, segundo ela, é a mulher ser presa quando está levando
droga para o companheiro que está preso.
Quando
perguntadas se conhecem algum programa ou alternativa para sair do
crime, 80,6% das entrevistadas disseram que não. "Ela é excluída por
natureza, na essência. Não é que não quer [mudar], mas não há essa
dimensão de escolha", explica Márcia. Apesar de ser menor do que a
masculina, o aumento da população carcerária feminina nos últimos nove
anos [de 2001 a 2010] foi maior: 286% contra um aumento de 186% dos
homens presos.
Mulheres em presídios de homens
As
condições dos presídios, segundo as pesquisadoras, também não são
apropriadas. "Com exceção da penitenciária de Tupi, nenhuma unidade
prisional é feita para o gênero. São prédios antigos, que já foram
prisões masculinas. [...] Muitas presas não recebem nem absorvente, se
viram como podem."
Essa questão se deveu ao
fato de que, quando passaram para a custódia do Estado, os presídios não
foram adaptados para receber as mulheres. "Das três primeiras prisões
femininas [a primeira construída em 1937], apenas uma foi feita
especificamente para mulheres, as outras foram adaptações e isso é uma
coisa que continuou", explica a antropóloga Bruna Angotti.
"A
maioria das mulheres da década de 1940 eram presas por contravenção
penal, que eram atos ligados à prostituição, como escândalo, desordem,
alcoolismo e vadiagem, e crimes de lesão corporal (brigas). Esse perfil
mudou bastante. Primeiro pela necessidade de manutenção do lar, o número
de mulheres que chefiam famílias aumentou, e depois por causa do
ingresso da mulher no mercado de trabalho". Segundo Bruna, houve uma
mudança estrutural dos tipos de crimes e também nos presídios. "Até a
década de 1980, os presídios femininos eram administrados por freiras, e
a função do cárcere era de recuperação moral, de retorno do papel
social da mulher. Depois da saúda das freiras, houve uma indiferenciação
[por parte do cuidado do Estado] entre os presídios masculinos e os
femininos."
Em 2010, a Assembleia Geral da ONU
aprovou uma resolução conhecida como "Regras de Bangcoc", em que
estipula normas básicas para o tratamento de mulheres presas. O conjunto
de recomendações - entre elas atendimento médico para os filhos,
direito a tratamento psicológico ou psiquiátrico e a proibição de
isolamento e segregação como medida disciplinar para mulheres grávidas -
é um reforço das já conhecidas "Regras Mínimas para o Tratamento de
Presos", após se diagnosticar os problemas do encarceramento feminino no
mundo.
Mães na cadeia
Segundo
a pesquisa do Nemess, a média de filhos por presa de São Paulo é de
quatro. A Defensoria Pública deu início, no começo deste ano, a um
projeto chamado "Mães no Cárcere", em que mapeia a condição das mulheres
gestantes e com filhos nas cadeias. Em cinco meses de trabalho, a
Defensoria apurou que, das 1.627 presas da unidade de Franco da Rocha,
889 são mães e 141 estão gestantes (ou com indícios de gravidez). Ainda
de acordo com o projeto, 80% dessas crianças estão sob a guarda de
familiares.
Já segundo a Secretaria de
Administração Penitenciária (SAP), há atualmente, sob sua custódia, 119
gestantes, além de 142 crianças - em todo sistema penitenciário. Segundo
a secretaria, desde fevereiro de 2011 foram inauguradas em três
penitenciárias o chamado "espaço mãe", com "área para banho do bebê,
trocador, lactário (local para preparo de bebidas lácteas e
complementares aos lactantes), área para recreação e cursos para as
mães."
Segundo uma lei federal de 2009, as
penitenciárias devem oferecer de condições para que a mãe presa possa
cuidar do bebê e amamentá-lo. A SAP diz que está "buscando parcerias e
desenvolvendo metodologias de trabalho específicas para lidar com essa
situação", como o projeto “Meu Bebê Minha Vida”, que "conscientiza as
gestantes a respeito de valores, comportamentos e ações" por meio de
palestras e filmes.
Sem advogado
Segundo
a pesquisa realizada pelo Nemess, 49,3% das presidiárias não têm
advogado. Já o número registrado em outro estudo, realizado pela
Defensoria Pública entre outubro de 2010 e outubro de 2011, é maior.
Segundo eles, 68% das 11.010 entrevistadas em 90 presídios e cadeias do
estado (administradas pela SAP e pela Secretaria de Segurança Pública)
declararam não ter advogado contrata
EIS QUE OS FILHOS SÃO A HERANÇA DO SENHOR ...... SALMOS 127/3
EIS QUE OS FILHOS SÃO A HERANÇA DO SENHOR ...... SALMOS 127/3
Parabéns semeadores da paz, que Deus continue abençoando este lindo ministério. Foi um prazer conhecer este ministério. Sei q voltarei aqui outras vezes por isso estou seguindo este blog. Será um prazer também ter vocês em meu blog. Jesus meu porto seguro. Fiquem na Paz
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