Especialmente convidada para apresentar o crescente projeto de boas
práticas “Grão de Mostarda”, voltado à ressocialização de presos, a
juíza Isabele Papafanurakis Noronha, da comarca de Loanda, proferiu na
quinta-feira, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, uma palestra que
despertou a atenção da plateia durante evento da Secretaria de Justiça,
Cidadania e Direitos Humanos do Estado do Paraná.
Após o convite especial encaminhado pela secretária Maria Tereza
Uille Gomes, durante encontro que lançou o novo modelo de gestão da
execução penal do Paraná, Isabele falou aos presentes sobre a
ressocialização de presos, trabalho de egressos e emocionou a plateia ao
apresentar um vídeo sobre o Grão de Mostarda. “A prevenção vem da ideia
da ressocialização. O Brasil é campeão na repressão. Dados do CNJ
mostram que em 2010 nós tínhamos uma população carcerária de mais de 400
mil detentos. Essa população carcerária só fica atrás dos Estados
Unidos , China e Russia. Mas, e a capacidade de prevenção? De ressocializar? Foi
com essa ideia, com esse sentimento de angústia, de indignação e de
tentar fazer algo para ajudar a comunidade em que eu vivia que eu criei o
projeto Grão de Mostarda. Segundo a Bíblia, a menor semente que existe é
o grão de mostarda. Porém, se plantado em solo fértil, nasce uma árvore
frondosa e com muitos frutos. O grão de mostarda é a pequena atitude,
minha como juíza, de empresários que proporcionam emprego aos detentos,
ou de um evangelista que vai até a prisão e deixa uma palavra de
conforto, por exemplo. Esse é o grão de mostarda”, ressaltou.
Segundo a magistrada, o trabalho desenvolvido pelo Grão de Mostarda
parte de cinco vertentes fundamentais, como a realização de mutirões
carcerários, verificação do cumprimento da pena, trabalhos laborais e
colocação de egressos no mercado de trabalho. O projeto de Isabele
também recebeu grandes elogios do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “A
intenção, com a realização de mutirões carcerários, é que os presos
tenham conhecimento da situação, que tenham uma pena justa e consciência
de seus direitos. Que tenham noção de que a execução penal esteja sendo
cumprida de forma correta. Infelizmente, os presos são pessoas
segregadas na sociedade. Não temos ex-alunos do colégio Rio Branco atrás
das grades. Nós temos os negros e pobres, principalmente”, destacou
Isabele.
Participaram do encontro, além da magistrada e da secretaria de
Justiça, Maria Tereza Uille Gomes, o vice-governador e secretário de
Educação, Flávio Arns, demais secretários do Executivo estadual,
prefeitos, vereadores, empresários, profissionais da área de educação e
servidores estaduais. O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná foi
representando pelo juiz Eduardo Lino Bueno Fagundes Júnior, da 1ª Vara
de Execuções Penais de Curitiba.
O qual é realmente a mais pequena de todas as sementes ; mas , crscendo , é a maior das plantas , e faz-se uma árvore , de sorte que vêm as aves do céu , se aninham no seus ramos . MATEUS 13/31
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