De acordo com uma publicação da
agência USP (Universidade de São Paulo), um estudo realizado pelo Instituto de
Psicologia (IP) da universidade, apontou o que, na prática, a categoria dos
agentes de segurança penitenciária (ASP) experimenta diariamente no exercício de
suas funções: “as péssimas condições de infraestrutura das penitenciárias
brasileiras, a extensa jornada de trabalho e o estresse laboral”, destaca o
texto.
Conforme o estudo, tais fatores são
os principais responsáveis pela baixa expectativa de vida dos servidores
penitenciários. A publicação relata a opinião do psicólogo Arlindo da Silva
Lourenço, que realizou um estudo de doutorado sobre o tema. Lourenço atua como
psicólogo em penitenciárias masculinas do Estado e já acompanhou diversos
servidores penitenciários que foram feitos reféns durante as rebeliões nas
unidades prisionais.
De acordo com o psicólogo, “o
trabalho em locais insalubres como as prisões, e as condições de trabalho
bastante precarizadas do agente, são estressantes, desorganizadoras e afetam sua
saúde física e psicológica”. Ele destaca ainda as pressões e ameaças como
fatores que prejudicam a saúde psicológica do agente penitenciário. “Cerca de
10% dos agentes penitenciários se afastam de suas funções por motivos de saúde,
geralmente, desordens psicológicas e psiquiátricas”, afirma o psicólogo na
publicação.
Um fato preocupante e que chama a
atenção no estudo divulgado é a média de vida dos agentes penitenciários
apontada pela pesquisa. Segundo os dados, a média está entre 40 e 45 anos.
“Muitos deles morrem novos, em média entre 40 e 45 anos devido à uma série de
problemas de saúde contraídos durante o exercício da profissão, como diabetes,
hipertensão, ganho de peso, estresse e depressão”, disse o psicólogo. Conforme a
pesquisa, tais “índices são reflexo da alta jornada de trabalho dos agentes
carcerários (12 horas de trabalho e 36 horas de repouso), das más condições de
trabalho das penitenciárias do País e do ressentimento dos agentes em relação a
dificuldade de modificar o ambiente laboral”, descreve.
Em relação às condições de trabalho
vividas pelos servidores penitenciários, o documento descreve ser “precária e
carente de equipamentos”. Tal carência é apontada pela pesquisa como fator de
desorganização psicológica dos agentes penitenciários, já que, “as
penitenciárias são repletas de ambientes úmidos e de iluminação insuficiente, de
cadeiras sem encosto ou assento, e janelas de banheiros quebradas, elementos que
comprometem o bem-estar e a privacidade de agentes e de sentenciados”,
destaca.
Conforme Lourenço, “os recursos
atuais não permitem a execução do trabalho do agente penitenciário com decência,
o que implica em um não reconhecimento de sentido na profissão e, por
consequência, em um não reconhecimento de sua função social e de sua
existência”, ressalta.
O texto aponta que, para o psicólogo,
se houvesse a resolução desses problemas estruturais das instalações, o convívio
e a permanência humana seriam mais adequados e já representaria uma grande
diferença na qualidade de trabalho dos agentes e na reabilitação dos detentos.
No entanto, “a situação tende a
permanecer como está, pois os trabalhadores penitenciários lutam e reivindicam,
principalmente, melhorias salariais; ao mesmo tempo, as penitenciárias estão
longe de ser uma política pública prioritária para o Estado”,
finaliza.
A grande verdade é que, apesar de
todo o conhecimento (agora científico) sobre as péssimas condições de trabalho e
de saúde (física e mental) que envolvem o exercício das funções do agente de
segurança penitenciária, as autoridades do governo permanecem inertes e
insensíveis às vidas de homens e mulheres que colocam a própria vida em risco
para servir aos estados e ao País. Quem sabe se, antes de assumirem seus cargos
no próximo ano, os governadores eleitos passem um dia vivendo como agente de
segurança penitenciária em qualquer unidade prisional de seus estados, e assim,
experimentem um pouco daquilo que eles mesmos ainda não tiveram a capacidade
política para solucionar.
E ELES DISSERAM :"CRÊ NO SENHOR JESUS CRISTO E SERÁS SALVO , TU E TUA CASA.
Atos 16/31
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