Há uma semana quatro internos do Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC) estão produzindo estantes para bibliotecas da Ong Vaga Lume. O trabalho faz parte de um convênio firmado entre a Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe) e a Ong de São Paulo.
O trabalho está sendo feito rapidamente e a previsão é que até o final de janeiro a Susipe entregue 20 estantes em MDF, material feito com fibra da madeir,a muito usado na indústria moveleira, e que foi fornecido pela Vaga Lume. O marceneiro Alexandre Santos, que está orientando os internos, explica que trabalhar com o MDF é mais fácil pois a madeira já vem beneficiada. “Essa experiência é muito importante para eles, pois esse é o material que está sendo usado no mercado. É uma qualificação nova, uma marcenaria moderna. E pra mim é muito prazeroso poder ensinar e trocar experiências”, conta Alexandre.
José Flávio da Silva, de 49 anos, já trabalha na marcenaria do CRC há dois anos. Antes de ser preso ele era pedreiro, mas agora já se considera marceneiro e diz que pretende trabalhar na profissão quando sair da prisão. "Só vim aprender a confeccionar móveis aqui na prisão e quero levar isso para o resto da minha vida. Esse trabalho me faz muito bem; se eu pudesse dormia aqui na marcenaria. Ainda faltam uns quatro anos para ficar livre, mas tenho certeza de que minha vida será bem diferente lá fora, pois vou poder ajudar minha família” disse o detento.
Atualmente, a Ong mantém bibliotecas em 23 municípios da Amazônia Legal, sete delas estão no Pará - distribuídas em Belém, Breves, Castanhal, Oriximiná, Portel, Santarém e Soure. A Vaga Lume nasceu em 2001 a partir de um projeto piloto no Pará. Diferentemente de expedições de caráter exploratório ou científico, a proposta era a troca de conhecimento com a população rural. Em agradecimento, o grupo deixava uma contribuição para criação de uma biblioteca: uma estante recheada de livros de literatura.
A parceria entre ong e a Susipe é antiga. As primeiras estantes feitas no projeto foram confeccionadas por detentos da Susipe, motivo que levou a produtora da Vaga Lume, Cristina Leão, vir a Belém especialmente para ver o trabalho que está sendo feito no CRC. “Eu fiz questão de ver a produção das estantes. O trabalho desenvolvido pela Ong tem tudo a ver com o projeto de reinserção social da Susipe, pois um completa o outro. É bom que os internos se sintam importantes no processo, porque eles são parte essencial do grande projeto que desenvolvemos”, explicou Cristina.
É exatamente assim que pensa José Maria Machado, 51 anos. Ele era comerciante antes de ser preso e, enquanto aguarda julgamento, diz que se sente privilegiado em poder ajudar, além de se sentir útil para alguém. “É muito bom saber que estou ajudando o próximo. Antes de ser preso, nunca tive tempo de trabalhar em ações sociais e poder fazer algo valioso por alguém que não conheço. Faço tudo com muito amor, pois além de me beneficiar, estou levando um futuro melhor para centenas crianças e adolescentes", diz.
Os internos trabalham oito horas diárias e são remunerados com ¾ do salário mínimo (R$ 508,50), mais R$ 74,58 de contribuição previdenciária. Além disso, para cada três dias de trabalho, é somado um dia de remissão da pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal.
Rita Nascimento, gerente da Divisão de Trabalho e Produção da Susipe (DTP), ressalta que o convênio com a organização não governamental traz reconhecimento nacional para o trabalho de reinserção desenvolvido pelo Estado. “A Ong Vaga Lume é nossa parceira desde o início e a visita da Cristina foi realmente importante para que fique claro o que estamos fazendo. Na Susipe estamos diáriamente em contato com pessoas que buscam ajuda para sair do cárcere e o trabalho é a melhor maneira de darmos novos rumos para a vida de pessoas que precisam de oportunidades. Quando conseguimos fazer isso, e ainda ajudar outros, é melhor ainda.” finalizou a gerente.
AQUELE QUE FURTAVA , NÃO FURTE MAIS ANTES TRABALHE ,FAZENDO COM AS MÃOS O QUE É BOM...... Efésios 4/28
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