segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGA AGRESSÕES EM UNIDADE DA FUNDAÇÃO CASA.

SÃO PAULO - O Ministério Público de São Paulo faz na manhã desta segunda-feira uma vistoria na unidade da Fundação Casa (antiga Febem) da Vila Maria, na zona norte da capital paulista, onde, segundo a TV Globo, seis menores infratores foram agredidos por funcionários. De acordo com reportagem do programa "Fantástico", dois funcionários deram socos, chutes e cotoveladas nos adolescentes depois de uma tentativa de fuga em maio.
O MP quer investigar de perto como funciona a unidade João do Pulo, que faz parte do Complexo da Vila Maria, e onde o espancamento aconteceu. O objetivo é saber qual é a rotina dos funcionários e como é o comportamento dos jovens. Eles vão apurar também se outros casos de agressão têm acontecido no local. Além dos promotores Roberto de Campos Andrade e Matheus Jacob Fialdini, assistentes sociais e psicólogos do Ministério Público foram à unidade.
- Nosso foco não é só a questão da agressão. A agressão foi o estopim para a investigação - disse o promotor Fialdini ao chegar à unidade.
O diretor da unidade João do Pulo e três funcionários foram afastados até a conclusão das investigações. Se condenados pela tortura, eles podem pegar dois anos de prisão, segundo o Ministério Público.
Os jovens agredidos foram transferidos.
A corregedoria geral da Fundação Casa também acompanha a vistoria e vai ouvir funcionários que estavam de plantão e adolescentes infratores. No sábado, a corregedoria registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil para que policiais também apurem as torturas. Policiais civis também estão acompanhando a visita.
O Complexo da Vila Maria está superlotado. Ele abriga atualmente 521 adolescentes, mas, para a promotoria da Infância e da Juventude, o ideal seria ter cerca de 320. Segundo o MP, a unidade João do Pulo, onde as agressões aconteceram, tem capacidade para 40 adolescentes, mas abriga 64 jovens infratores, entre 12 e 18 anos, acusados de roubos e tráfico de drogas.
Segundo o "Fantástico", a agressão aconteceu em 3 de maio, logo após uma tentativa de fuga. Neste dia, nove adolescentes foram capturados antes que conseguissem pular o muro para rua e um grupo ateou fogo em alguns objetos.
No vídeo, um funcionário ameaça matar os menores e levar os corpos ao Instituto Médico Legal. Ele usa a expressão "dar boi", que significa "facilitar".
- Vou falar para os senhores: a mãe dos senhores vai visitar os senhores lá no IML. Lá no IML. Vai visitar no IML, porque eu não vou 'dar boi'. Muitos aí não têm nem a idade que eu tenho de fundação. Senhores, não vai sobrar nada dos senhores - ameaça o funcionário.
As agressões duraram cerca de cinco minutos. Dois agressores foram identificados: Maurício Mesquita Hilário e José Juvêncio, coordenadores de área responsáveis pela segurança no Complexo Vila Maria. O coordenador de equipe Edson Francisco da Silva que aparece assistindo às agressões, e o diretor da unidade João do Pulo, Wagner Pereira da Silva, também foram afastados.
EQUIPE "GESE" Evangelismo de menores infratores.

- Vamos também informar o caso à policia para instauração de inquérito policial porque isso se configura crime de tortura. Isso também precisa ser apurado na esfera criminal. Daria como punição demissão por justa causa imediatamente. É que eu não posso fazer isso. Se eu pudesse, eu o faria - afirmou a presidente da Fundação Casa (antiga Febem), Berenice Giannella.
Os funcionários afastados, que são servidores públicos, só podem ser demitidos após responder a um processo administrativo.
Recentemente, duas unidades da Fundação Casa registraram rebeliões. No último dia 12, 49 internos fugiram da unidade Itaquera, na zona leste, depois de pular um muro. Vinte e dois foram recapturados. No mesmo dia, a unidade da Vila Leopoldina também registrou uma rebelião. Somando os dois casos, oito funcionários ficaram feridos e 41 foram mantidos reféns.
- Muitas das vezes, o funcionário é vitima de um trauma dentro da unidade. Nós temos trabalhador com transtorno bipolar, trabalhadores com esquizofrenia, trabalhadores com síndrome do pânico - disse Júlio da Silva Alves, presidente Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Casa, ao "Fantástico".


LEMBRAI-VOS DOS PRESOS.......  Hebreus 13/3

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