ULTIMAS HORAS DO PASTOR FLORISVALDO EX-CABO BRUNO
RECOMEÇO
Cabo Bruno, ao lado da mulher, Dayse, na quinta-feira 30, durante culto
evangélico, o primeiro registro após a saída da prisão. No detalhe, em 1998
Na noite fria da quinta-feira 30 de agosto, o culto na Igreja Pentecostal Refúgio em Cristo reunia pouco mais de 30 pessoas, a maioria mulheres e crianças, acomodadas nas cadeiras de plástico do templo localizado ao lado de um terreno baldio no bairro da Fonte Imaculada, em Taubaté – cidade distante 130 quilômetros de São Paulo. De calça social e jaquetão, o rosto vincado por rugas, um homem grisalho permanece sentado na parte direita do púlpito com os olhos fechados. Até que alguém o chama para pregar.
De fala cadenciada e dicção escorreita, ele conta parábolas, cita, sem olhar a “Bíblia” à sua frente, versículos inteiros do Evangelho e se permite uma confissão: a alegria de ter feito, pela primeira vez em sete anos de relacionamento, as compras de supermercado com a mulher, a pastora e cantora gospel Dayse França, 46 anos. Tal confidência descortina o passado do orador. Faz apenas sete dias que Florisvaldo de Oliveira, 53 anos, conhecido como Cabo Bruno, deixou a prisão, após 27 anos de cárcere.
Cabo Bruno não admite, mas está com medo. ISTOÉ apurou que uma eventual morte dele é considerada um troféu valioso pelos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), a principal organização criminosa do Estado. “Sempre vai haver essa possibilidade (de vingança) e a gente tenta evitar se expor ao máximo por causa disso. Eu não posso ficar só escondido, eu acredito que o mesmo Deus que me protegeu até hoje vai continuar me protegendo”, afirma. Dayse conta que, nos primeiros dias fora da cadeia, seu marido parecia incomodado, um pouco assustado, ainda tentando se acostumar à sensação de liberdade. À ISTOÉ o ex-policial revelou que passará o mês de setembro visitando parentes, a mãe e as filhas que moram em São Paulo.
O atual missionário diz sonhar em viajar para pregar o Evangelho. Quer ser chamado pelo apelido de infância, Bruno, sem a patente que lhe deu fama de “Matador da Zona Sul”. Ele se esquiva a falar desse passado, a não ser que seja por dinheiro. ISTOÉ conversou rapidamente com Bruno, em duas ocasiões – uma por telefone e outra na igreja. Nas duas oportunidades, ele afirmou que uma entrevista mais longa seria feita apenas sob remuneração, pois as anteriores apenas trouxeram prejuízo à sua imagem. Ele teria chegado a negociar com uma emissora de televisão, a quem pediu R$ 50 mil, de acordo com seu advogado Fábio Tondati Ferreira Jorge, mas a transação não foi adiante. O dinheiro resultante de uma entrevista seria usado para viagens missionárias e para se afastar de potenciais inimigos, como reiterou à ISTOÉ sua mulher, Dayse. “Só vou me expor e dar uma entrevista se for remunerada. Por enquanto eu estou podendo andar sossegado, o que está saindo na televisão são fotos antigas, então as pessoas não podem me identificar”, afirma. Na quinta-feira 30, durante o culto em Taubaté, ISTOÉ fez a primeira imagem de Cabo Bruno após sua liberdade.
SOBREVIVÊNCIA
No isolamento da prisão, o ex-policial aprendeu a pintar e começou a comercializar
seus quadros, vendidos a R$ 1,5 mil cada. Entre seus clientes, juízes e promotores
Entre 1983 e 1990, Cabo Bruno fugiu por três vezes de penitenciárias paulistas. Ficou detido em definitivo a partir de 1991. Desde então, cumpriu ininterruptamente 21 anos de detenção, sendo os seis primeiros na Casa de Custódia de Taubaté, em regime de isolamento dos outros presos. Neste período, sem direito a banho de sol por questões de segurança, ele aprendeu a pintar quadros de paisagismo, cujas vendas sustentavam sua família fora da prisão. Agora em liberdade, o ex-policial quer continuar a pintar quadros. Famoso colecionador de obras de arte, o banqueiro Edemar Cid Ferreira, condenado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta por conta da quebra do Banco Santos, chegou a comprar dez obras de Cabo Bruno, no valor de R$ 1,5 mil cada. Juízes e promotores e outras autoridades também estão entre seus compradores. “Mas só vou me dedicar a pintar nas horas vagas”, diz ele.
Em 2009, Bruno passou para o regime semiaberto no P2 em Tremembé, mas saiu apenas uma vez, durante o último Dia do Pais, em 12 de agosto. No último dia 21 de agosto, a juíza Marise Terra Pinto Bourgogne de Almeida concedeu o indulto, com parecer favorável do Ministério Público. A libertação foi determinada com base no decreto 5.648/2011, da presidenta Dilma Rousseff, que prevê a soltura de presos de bom comportamento que cumpriram mais de 20 anos da pena. Ele foi condenado a mais de 117 anos, dos quais cumpriu um total de 27, mas, pela lei, não deve mais nada à Justiça brasileira. Apesar disso, ainda se debate com seu incômodo passado. “O que marca minha vida e que eu não gosto é Cabo Bruno. Porque faz parte dos processos, dessa coisa jurídica. Cabo Bruno é uma coisa do passado, que para mim está morto. Essa história está enterrada”, diz o ex-policial.
Bela história de conversão e testemunho de vida. Eu creio plenamente no poder transformador da Palavra de Deus. Ainda hoje de manhã falando da Palavra de Deus para alguns irmãos, contei o testemunho dele, de como Deus pode mudar a vida daqueles que n'Ele creem. Pena que sua vida fora das grades foi tão curta, mas não deixou de pregar no pouco tempo que teve. Que o Senhor Jesus console todos os seus familiares.
ResponderExcluirQue alegria saber que este homem se converteu a Jesus, o Salvador! Agora sei que ele está verdadeiramente livre e seguro nas mãos de Deus.
ResponderExcluirOlá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom, li algumas coisas folhe-ei algumas postagens, gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns, e espero que continue se esforçando para sempre fazer o seu melhor, quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha. Como sou um homem de Deus deixo-lhe a minha bênção. E que haja muita felicidade e saude em sua vida e em toda a sua casa.
ResponderExcluirPS. Se desejar seguir o meu humilde blog, Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.
Oie o trabalho evangelizar as pessoas que estão presas é muito bom ,pois são poucos que lembram deles, e precisam que pessoas embaixadores de Cristo levem a palavra até eles, Parabéns pelo blog e pela obra de evangelizar os presidiarios... Que Deus Abençõe vc !!
ResponderExcluirGlórias a Deus que convence o homem do pecado da justiça e do juízo. Que outros venham ouvir a voz de Deus e não endurecer o coração. Que o Senhor venha consolar o coração da Pastora Dayse.
ResponderExcluir