A tendência de presos diplomados é nacional. Dados mostram que nos mesmos cinco anos as penitenciárias brasileiras passaram a ter 122% mais detentos com terceiro grau completo. Apesar de não haver estudos conclusivos sobre o assunto, especialistas apontam as drogas como principal causa desse fenômeno. Levantamento feito pela Gazeta do Povo nos estabelecimentos penais do Paraná reforça a hipótese. A análise mostrou que a maioria dos presos com curso superior (41%) foram condenados por tráfico de drogas.
“O tráfico tem mudado o perfil da população carcerária porque a droga não escolhe classe social ou escolaridade. Vai do analfabeto ao doutor”, afirma o doutor em Direito Penal Pedro Marcondes, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Marcondes afirma que outros delitos, como furtos, homicídios e até crimes passionais não raro também são influenciados pela droga.
Ex-diretor da Penitenciária Estadual de Londrina, Marcondes acredita que os chamados “crimes do colarinho branco” – outra hipótese para o aumento de presos com curso superior – ainda não condenam o suficiente para serem significativos nas estatísticas, mas já se fazem notar. “Esses criminosos ficam pouquíssimo tempo na prisão, porque conseguem pagar meios para sair da cadeia”, explica.
Maus lençóis
A aproximação das classes média e alta (maioria entre os universitários) com o tráfico começa com a dependência química. “Quando precisa de droga, o filho do rico não pede dinheiro à família. Ele contrai uma dívida com o traficante e, para pagá-la, é impelido a trabalhar para o tráfico e acaba preso”, ilustra o especialista.
A professora Sandra Regina de Abreu Pires, do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina e pós-doutora em Ciências Criminais, ressalta que o grau mais elevado de instrução acaba sendo uma ferramenta importante para o tráfico. “O crime está cada vez mais organizado e o tráfico exige uma logística bem articulada”, pondera.
Sandra chama a atenção para outra mudança no perfil dos traficantes: a participação mais ativa das mulheres (veja ao lado). “Elas sempre tiveram o tráfico como crime casual. Agora, têm aumentado a participação como membros e até chefes de quadrilhas, não mais como apêndice do companheiro”, observa. Os dados do Ministério da Justiça mostram que o aumento no número de mulheres com nível superior entre os presos foi maior do que o de homens.
Sem sucesso?
Em paralelo ao avanço das drogas nas classes mais abastadas, deve-se considerar a democratização do ensino superior. Para o doutor em Direito Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, esse pode ser mais um fator que contribui com as estatísticas. “O sujeito se esforça para custear uma faculdade e depois se frustra com o mercado de trabalho, que não dá a resposta que ele esperava”, afirma, sobre aspectos a serem investigados.
Para Coutinho, a divulgação do aumento de presos diplomados pode servir como alerta para aqueles que se deparam com um mercado pouco favorável. “Foi-se o tempo em que o sujeito que tem curso superior não era apanhado”, pondera.
Pastor Hugo ajudando detentos sem olhar classe social. |
"Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados." (Tiago 5 : 20)
É uma triste verdade. As drogas têm destruído muitas vidas. Tenho visto nas ruas muitas pessoas se perdendo nas drogas, caminhando para o inferno. Trabalho numa delegacia e ali também vejo famílias sendo destruídas. realmente só Deus pode restaurar essas vidas. precisamos orar continuamente e falar cada vez mais de Deus para essas pessoas, a fim de mostrar-lhes que há solução.
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