O cachorro de dona Maria não se separou do caixão . |
"O velório será feito lá em homenagem aos presos", explica o filho. O enterro deve ser na manhã desta segunda-feira (22), no cemitério Jardim da Paz, na capital gaúcha. Antes de ser internada, Maria morava no local. Ela completaria 103 anos em novembro. Nos últimos 12 anos, Maria era cuidada principalmente por Roberto Sotello, 50, ex-preso que a chamava de "mãezinha". Sotello cumpre condicional e inicialmente foi rejeitado pela direção do patronato, dirigido pelo Estado depois de um convênio, por ser considerado um "preso perigoso". Enquanto não havia vaga no patronato, Maria contratou Sotello como seu motorista e, depois, ele assumiu a função de cuidador da senhora. Como presente, no último verão, Sotello ofereceu a dona Maria um passeio especial. Ele a levou para acampar durante cinco dias na Lagoa dos Patos. De cadeira de rodas, ela entrou na água.
Confiança - No seu trabalho de conclusão de curso de Assistência Social na PUC-RS, em 1948, Maria analisou o sistema penitenciário e identificou como principal causa da delinquência os "lares desajustados". Sua metodologia de recuperação era baseada em diálogo, respeito e confiança. Patronatos são estabelecimentos públicos ou privados para cumprimento de pena do regime semiaberto e aberto, além de atendimento aos egressos do sistema penitenciário. À frente do seu tempo, Maria criou o patronato Lima Drumond muitos anos antes do reconhecimento por lei deste tipo de instituição, o que só ocorreu em 1984. Dos 1.478 estabelecimentos penais do país, apenas 16 são patronatos, segundo o Ministério da Justiça.
¶ Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro.
Provérbios 22:1
Provérbios 22:1
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