O dia que os cadeados se rebelaram. Esse é o título do espetáculo apresentado ontem no Teatro Atheneu. A peça é parte integrante do Projeto Penarte, que vem desenvolvendo uma série de atividades culturais no Presídio Feminino (Prefem). O texto principal é de autoria do guarda prisional Cláudio Viana, escritor, poeta e trás em seu conteúdo a visão do sistema prisional a partir dos cadeados, seres inanimados, que dentro da história atuam como protagonistas. Do espetáculo participaram 43 internas do Prefem, além de músicos, dançarinos, atores, professores de arte e instrutores de práticas de circo. O evento cultural teve início as 16h e foram convidados familiares, autoridades e personalidades culturais de Sergipe. Esteve presente o secretário de Justiça, Benedito de Figueiredo, o diretor do Desipe, Manuel Lúcio Neto, além de funcionários e assessores da Sejuc.
Autor da peça, Cláudio Viana explica que ao longo dos anos no sistema prisional e tendo a possibilidade de ter conhecido 17 estados da Federação e seus respectivos sistemas, pode notar como incentivador cultural, que a partir dos cadeados é possível observar a situação de quem se encontra em privação de liberdade.
"Construí o texto ao notar que os cadeados estão lá, calados, no entanto, são os grandes observadores das vidas que encontram encarceradas. Eles estabelecem uma relação entre homem e sub-homem, aquele que está privado da liberdade, por sua vez, de tudo que compõe o mundo", disse Viana.
O coordenador do Projeto Penarte, Ivo Adinel, presidente do Sindicato dos Artistas de Sergipe, observa que o espetáculo propõe uma intervenção que inclui música, teatro, dança, circo, grafite, na vida das internas para que elas possam ter acesso a arte como uma função libertadora. "É importante entender que o corpo pode estar preso, mas mente não. Então ao percebermos a vontade e grande energia dessas mulheres privadas de liberdade, incentivamos o projeto que teve seu ponto alto na apresentação no Teatro Atheneu", disse Ivo. Ele atenta que as internas demonstram uma grande vontade de interação e participaram com grande envolvimento dos ensaios.
Mudar a história é mais que desafio, e nesse sentido a coordenadora Educacional do Prefem, Edjane Marinho afirma que esse é um trabalho inédito, ousado e grandioso na busca de quebrar preconceito e mobilizar a sociedade em direção a dar oportunidades a quem já errou um dia. "Notamos que durante os ensaios e com o envolvimento pela arte, as internas apresentam bom comportamento, calma e demonstram grande interesse em mudar e construir uma nova realidade ao sair do presídio", atenta Edjane. Na visão da diretora do Prefem, Lilia Melo, o Penarte é um grande passo em direção a uma real ressocialização. Ela classifica o momento como de grande interesse social, não só para quem se encontra atrás das grades, mas para todos.
"Sempre tive o sonho de levar o teatro ao presídio. Tenho formação cultural muito forte, já que convivi por muito tempo no centro de criatividade e lá pude aprender e conviver diariamente com pessoas ligadas e voltadas para cultura", afirma Lilia. Ela deixa claro que a formação cultural é alavanca para uma mudança íntima e pessoal de grande expressão.
No palco - No palco estiveram, além de artistas profissionais, 43 internas do Prefem. O espetáculo contou com toda a segurança devida prevista em lei. Estiveram no local, além de guardas prisionais, integrante do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) e houve total apoio da Polícia Militar.
No palco - No palco estiveram, além de artistas profissionais, 43 internas do Prefem. O espetáculo contou com toda a segurança devida prevista em lei. Estiveram no local, além de guardas prisionais, integrante do Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) e houve total apoio da Polícia Militar.
LEMBRAI-VOS DOS PRESOS ...... HEBREUS 13/3
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