Aos 28 anos, Bruno Pinheiro se dedica ao primeiro emprego. Cumprindo pena há dez anos, ele aproveita a oportunidade para aprender uma profissão. “Perdi minha juventude na penitenciária. Percebi dentro do cárcere que a vida do crime é uma ilusão e só traz coisas ruins. O trabalho me trouxe a vontade de vencer na vida honestamente”, conta o interno, que já tem planos para quando ganhar a liberdade. “Meu sonho é cursar a faculdade de educação física, não sei se vou conseguir, mas vou lutar para vencer na vida”, afirma.
Bruno é um dos 14 internos custodiados na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel que estão trabalhando na fábrica da Tramontina, em Belém. Os contratos fazem parte do projeto Olimpo, parceria entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e a empresa, na qual os internos trabalham oito horas diárias e são remunerados com ¾ do salário mínimo, mais contribuição previdenciária. Além disso, para cada três dias de trabalho, eles têm um dia de remissão na pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal.
Os internos trabalham na limpeza do local e no gradeamento das madeiras que serão levadas para a estufa e transformadas em móveis e utensílios domésticos. Faltando apenas quatro meses para ganhar a liberdade, Cleisivandro Medeiros, 28 anos, está aproveitando a oportunidade de trabalho para aprender. “Essa é uma chance única, que agarrei de todas as formas. Não quero a vida que tinha antes. Pretendo formar uma família e ter uma vida melhor”, conta o detento.
Quem também mudou a forma de pensar foi o supervisor de produção da empresa, Luiz Pereira Celso. Responsável por coordenar os internos, ele conta que tinha uma ideia totalmente diferente sobre as pessoas presas. “Trabalho há 23 anos na empresa, e esta está sendo uma experiência única. Quando comecei a ter contato com eles, percebi que todos merecem uma nova chance. Não me interessa o que eles fizeram, mas o que eles querem agora. Converso, ensino e cobro quando é necessário. Não tenho dúvidas de que podem ser efetivados posteriormente se tiverem um bom desempenho”, diz.
O diretor superintendente da Tramontina, Luiz Ongaratto, explica que o projeto é pioneiro na empresa, e já há interesse de ser feito em outros Estados. “Durante reunião com outros diretores, falei dos bons resultados que estamos conseguindo em Belém, e eles ficaram interessados. Percebemos que oportunidades quebram preconceitos. É visível a vontade de mudar de vida de todos”, garante, revelando que pretende expandir a parceria com a Susipe. “No futuro, os detentos poderão trabalhar dentro dos presídios produzindo um trançado de madeira com fibra que é muito usado na confecção de móveis. A produção é simples e de baixo custo, pois forneceremos o material”, conta.
Antes de começar a trabalhar, os detentos passam por uma avaliação psicossocial dentro da unidade. Eles são selecionados quando apresentam bom comportamento e demonstram interesse em trabalhar. A empresa contratante também avalia o interno em entrevistas e exames médicos, e ainda oferece treinamento para qualificação da atividade desempenhada. “Quero mostrar para a sociedade que não somos tudo aquilo de ruim que eles pensam”, diz o interno Elias Castro, 26 anos. Com experiência em marcenaria, o trabalho na Tramontina ajuda a crescer e passar o tempo. “Tenho muitos planos para quando sair do presídio, e o primeiro deles é cursar administração”, conta.
Dados da Divisão de Trabalho e Produção da Susipe revelam que o número de vagas destinadas a internos no mercado de trabalho triplicou no ano passado no Pará. Atualmente, mais de 1,4 mil detentos trabalham, por meio de convênios, com instituições públicas e privadas e também na própria Susipe. “Hoje, já temos 16 empresas parceiras na oferta de vagas a internos dos regimes semiaberto e fechado. Só em 2013, tivemos um aumento de 327% no número de contratos de trabalho externos em relação a 2012, com 16 convênios firmados. Esse é um importante trabalho de responsabilidade social que a Susipe vem desenvolvendo na atual gestão”, conclui o titular da Susipe, André Cunha.
Não te lembres das nossas iniqüidades passadas; venham ao nosso encontro depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos.
Salmos 79:8
Não te lembres das nossas iniqüidades passadas; venham ao nosso encontro depressa as tuas misericórdias, pois já estamos muito abatidos.
Salmos 79:8
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