segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

HOMEM FICA PRESO POR 53 ANOS EM MANICÔMIO JUDICIARIO

Presos que já poderiam estar soltos seguem em manicômios judiciários

Censo realizado durante o ano de 2011 revela que o Brasil tem 3.989 pessoas trancadas nos manicômios. Desse total, 741 pessoas já deveriam estar em liberdade.

Existem casos chocantes. Como o de um senhor internado há 53 anos! E sabe qual foi o crime dele? Um simples furto!
Seu Nelson abre a janela com força. Não gosta nada de lugar fechado. Nelson Leopoldo Filho talvez seja o brasileiro tenha passado mais tempo atrás das grades.
O Código Penal diz que ninguém pode ficar preso por mais do que 30 anos. Seu Nelson ficou encarcerado por 53. Será que ele foi o mais perigoso dos bandidos? Será que com esses cabelos branquinhos tem uma longa ficha criminal? O Fantástico pesquisou: um furto e nada mais.
Quando era jovem, Nelson arrombou a porta de uma casa pra procurar comida. Foi preso sem levar nada. Mas se deu mal mesmo quando foi diagnosticado como doente mental. Esquecido num manicômio, ele perdeu contato com a família, perdeu a noção do tempo. Agora, aos 77 anos, ele vive numa residência terapêutica, onde tem amigos e a chave do portão.
Pra saber quantos Nelsons existem no país, o Ministério da Justiça encomendou um Censo dos manicômios judiciários. O Fantástico teve acesso a resultados assustadores. O Censo realizado durante o ano de 2011 revela que o Brasil tem 3.989 pessoas trancadas nos manicômios. Desse total, 741 pessoas já deveriam estar em liberdade. Ou seja, um em cada quatro internos é vítima de atrasos no sistema. O Censo encontrou nos hospitais de custódia 18 pessoas esquecidas e abandonas há mais de 30 anos.
Segundo a lei, esses milhares de brasileiros não cumprem pena e, sim, medida de segurança. A lei brasileira diz que esses pacientes podem ficar nos manicômios por tempo indeterminado se não tiverem um laudo atestando que não representam mais perigo.
O Censo mostra que, em geral, esses pacientes ficam mais tempo nesses hospitais do que a pena máxima que receberiam se fossem presos comuns. Em Curitiba, encontramos um exemplo. Mirtes foi presa porque quebrou uma balança dos Correios. A pena pra esse crime é de até seis meses. Só que diagnosticada com transtorno bipolar, ela vai passar um ano nessa cela, ou seja, o dobro da pena máxima pro crime que cometeu.
“Eu acho que o meu tratamento não deveria ser assim fechado. As pessoas podem achar, mas não sou um perigo para a sociedade”, diz a paciente Mirtes Fonseca.
A lei brasileira que prende pessoas pra dar remédio é de 1940. Naquela época, ainda nem existiam medicamentos psiquiátricos. Hoje em dia, os especialistas acham que a grande maioria dessas pessoas poderia ser tratada em liberdade.
“Se ficam a mais e não deveriam estar lá, o estado dá recursos públicos desnecessariamente”, declara Augusto Rossini, diretor do Departamento Penitenciário Nacional.
Casos absurdos foram identificados pelo Censo por todo o Brasil. Em Barbacena, Minas Gerais, um homem que roubou uma lâmpada de um carro, esperando dez anos pra sair.
Confinados, pacientes com distúrbios leves se misturam a outros mais graves.
“Se acharem que a gente é louca, podem achar, só que Deus mesmo não acha que a gente é pessoa louca”, declara o paciente Josoel Lopes.
Internada por dependência química, Jocilene deixou o manicômio há dois meses.
“Muitas vezes a gente tem a sensação de que vai morrer ali dentro e que a liberdade só vai chegar quando o caixão sair dali”, declara Jocilene Caetano, ex-paciente.
Jocilene só saiu, porque a mãe nunca a abandonou. Dona Ludmilha pediu, insistiu, até conseguir novos exames pra filha.
“Vou retomar minha vida, hoje recuperada, com uma outra visão do mundo, porque lá dentro a gente dá valor para um copo de vidro”, diz Jocilene.

Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria,que não se compadeça dele ,do filho do seu ventre ?Mais ainda que esta se esquecesse dele ,contudo eu não me esquecerei de ti.                 
                                          ISAIAS 49/15

Um comentário:

  1. Esta materia em ue fantastisco exibiu e muito triste,e dura realidade em os inocentes estao abandonados em prisoes psiquitricss quero dizer manicomio judiarios, enquantos os verdadeiros bandidos estao soltos no meio da comunidade,a justiça no brasil e muito suja,começa errado la de cima e quem paga o preço sao pobres,se existe defensoria publica! onde esta!cade a lei!porque nao ajudar estas pessoas que esta abandonadas nestas prisoes a encontrar suas familias!

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